QUEM SOMOS

Margaretha Salvador e Manuela Salvador Cunha, duas professoras do ensino secundário.

Margaretha é licenciada em Geografia – via ensino. Trabalhou, ao longo dos últimos anos em inúmeras escolas Básicas e Secundárias no distrito do Porto; obteve formação no ramo do ensino pré-primário na Suécia onde trabalhou com crianças latino-americanas; desenvolveu um projecto de ensino para a educação para as ciências e ambiente num colégio do Porto; foi co-autora de um manual escolar no âmbito da Formação Cívica. Actualmente encontra-se a leccionar na Escola Secundária de Valongo

Manuela é doutorada em Filologia, autora de numerosos livros didácticos. Está nesta altura reformada, mas continua a percorrer escolas do país na sua qualidade de escritora (Isabel Bruma), onde fala aos jovens da escrita, do prazer de ler, da importância do livro no desenvolvimento do conhecimento, da sensibilidade e da imaginação. Há uns anos a esta parte, lecciona Português para imigrantes estrangeiros.

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Estivemos em Moçambique a colaborar com a Escola Primária Completa de Ontupaia com quem criámos laços afectivos muito estreitos que não nos permitem ficar indiferentes às dificuldades com que a escola se debate. Por isso queremos continuar ligadas a ela e a forma que encontrámos é investirmos o nosso esforço para melhorarmos as condições da escola em que trabalhámos e a que nos afeiçoámos.

A ESCOLA DE ONTUPAIA

Fica na cidade de Nacala, no Norte de Moçambique, perto da célebre Ilha de Moçambique.
Nacala é uma cidade pobre, com duas ou três rua alcatroadas, descendo para o porto de mar que a separa da grande e profunda baía de Nacala. Ao lado fica o porto dos pescadores. Peixe não falta em Nacala.
Podemos dizer que Ontupaia é um novo bairro que cresce na cidade. Servido por um estradão esburacado, lá vamos aos saltos entre casas macuas de porta e duas pequenas janelas, na quase maioria cobertas por colmo. O chão é de areia castanho-avermelhada. E àquela hora matutina (a escola começa pelas seis e quarenta e cinco) cruzamos com crianças de uniforme verde escuro e amarelo que se dirigem para a escola. Se contarmos as do turno da manhã e as do turno da tarde, são mais de mil e quatrocentas que frequentam a escola, desde a 1ª classe até à sétima classe inclusive. Mas há também os pequeninos que frequentam a “escolinha” da parte da manhã.. São na sua maioria crianças lindas, de olhos negros pestanudos, sorriso aberto. Quando nos encontram na rua acenam um “tá-tá”com mão, alguns atrevem-se a um beijo.
A escola é pobre de recursos como é pobre todo o bairro (a maioria das casas não tem luz eléctrica). Muitas carteiras estão estragadas e nalgumas salas não chegam para todos os alunos que têm de se sentar no chão. E embora o governo distribua um livro por disciplina e por aluno (em teoria, porque de facto não chegam para todos) e também um caderno e um lápis, nesta altura do ano já faltam cadernos e lápis. Se pensarmos em material informático, hoje uma ferramenta indispensável nas nossas escolas, na escola de Ontupaia este recurso existe, obsoleto, para uso dos professores e o papel e tinta para a impressora está condicionado pela falta de dinheiro.

REPORTAGEM FOTOGRÁFICA

UM SONHO – UMA BIBLIOTECA PARA AS ESCOLAS DE ONTUPAIA

Em breve, à escola básica (estamos a adoptar a nomenclatura das escolas portuguesas) se vai juntar uma escola secundária, em Ontupaia. Está prevista a sua abertura para o início do ano. O nosso sonho é dotarmos esta nova escola e aquela em que trabalhámos de uma biblioteca.
No que toca à escola básica, só encontrámos um livro: um dicionário de Português da Texto Editora. Mas não há dicionários de Inglês (o Inglês é disciplina curricular), nem dicionários de Francês (língua que se estuda no secundário). Não há enciclopédias, (atenção que não há internet disponível para os professores pelo que estas são quase imprescindíveis), não há gramáticas, não há livros de consulta, não há livros de exercícios, não há atlas, não há livros-cadernos para a pré-primária e para a iniciação à escrita e à matemática. Não há livros de histórias, não há livros de contos, não há romances para os jovens adolescentes.
Por isso estamos a apelar a todas as pessoas de boa-vontade, entidades, instituições, editoras, empresas, que nos ajudem a encher de livros um contentor para mandar para Ontupaia.
Vamos colaborar todos neste projecto; vamos ajudar um pouquinho a promover a cultura do país irmão.

MAS NEM SÓ DE LIVROS PRECISA ONTUPAIA

Pois é. E quanto a computadores. Coisa rara e praticamente inacessível. Um computador, com net, abre lentamente, numa calma desesperante nos dias em que a rede chega e a electricidade não foi cortada. Uma impressora quase descontinuada, imprime com muita moderação e parcimónia o exclusivamente indispensável. Isso não inclui fichas de trabalho, testes, material didáctico. Por isso também sonhamos mandar computadores (mesmo um pouco desactualizados), impressoras e tinteiros ou toner, muito papel (cuja aquisição está limitada por falta de verba), projectores de slides, o sonho de um projector multi-média, lápis, borrachas, aguças, papel, cadernos, cadernos com desenhos para os mais pequeninos pintarem etc etc. Ou seja, tudo o que é material informático e didáctico.

A ESPERANÇA COMEÇA A CRESCER

Estamos a começar, mas já temos muitas promessas e algumas bem tentadoras, entre elas a oferta de comparticipação do projecto "REMOS NO ATLÂNTICO" (www.remosnoatlantico.com.pt). Entretanto temos uma garagem vazia à espera de encher com as vossas ofertas.
Do que for chegando vos daremos conta.

CARTA DA DIRECTORA DA ESCOLA

Estimados Amigos,


É com grande alegria que vos endereçamos nossa saudação, desejando-vos que estejais bem.
Para nós, Escola Primária Completa da Ontupaia, foi um momento útil ter conhecido as Professoras Manuela e Margaretha. Elas nos acompanharam incansavelmente durante um mês, com elas fizemos um pequeno percurso escolar interessante, crianças, professores, direcção da Escola, criamos laços, não só de amizade, mas também de um forte desejo colaboração.
A Escola conta com mais de mil alunos. Paralelamente, a mesma Direcção, acompanha uma Escolinha, isto é uma pré-escola com 14 turmas ou seja mais de 700 crianças de 3 a 5 anos de idade. A Comunidade das Filhas da Caridade está também, neste ano em curso, construindo uma Escola Secundária que iniciará com onze turmas:
· Quatro no turno da manhã
· Quatro no turno da tarde
· Três no nocturno.
Assim, dadas as dificuldades financeiras das famílias do Bairro da Ontupaia, a escassez ou quase ausência de Bibliotecas a nível do distrito, se faz necessária e urgente a criação de biblioteca tanto na Escola Primária como na Secundária. Isto, serviria também para apoiar outras Escolas vizinhas, desprovidas destes meios importantes para o desenvolvimento intelectual dos alunos.
Vimos por este meio manifestar o nosso pedido de apoio a todos os Amigos que puderem oferecer livros ou material didáctico permitindo que nossas crianças e jovens possam usufruir de meios adequados para uma aprendizagem eficiente.
Nossa fraternal saudação.



A Coordenadora da Escola

Ir. Felismina Sambu